25 outubro 2012

IN VINO VERITAS

Quando já debilitada pela idade e pela doença, acompanhei minha tia Mariana, no seu passeio matinal, pelas redondezas da avenida 5 de Outubro, praça Duque de Saldanha, avenida da Republica.



Consistia o passeio na visita às antigas e sobreviventes, pequenas lojas do comércio local, onde toda a gente a conhecia e de onde, nos últimos cinquenta anos, tinha sido uma boa cliente.



O passeio culminava na pastelaria Tim-Tim para tomar um café acompanhado de um cigarro. Um cigarro, daqueles que só fazem mal aos outros e que nem sequer foram a causa do seu falecimento.



Minha tia Mariana faleceu com 76 anos, um pouco mais nova que minha Avó que faleceu com 100 anos e um dia. Ambas, mãe e filha, fumavam tabaco sem filtro e de quando em vez, moderadamente, bebiam o seu copito de Whisky, puro, sem gelo, tendo a minha avó falecido pela comoção da festa do seu centésimo aniversário.



Por curiosidade apenas vos digo que, a minha mãe que nunca fumou e nem sequer o meu pai fumava em casa, faleceu dois anos depois, aos 76 anos, com uma daquelas doenças que matam os fumadores.



Minha tia Mariana, teria sido na sua juventude uma rapariga linda. Morena olhos verdes, estatura média, terá dado sem dúvida a volta à cabeça de muitos rapazes do seu tempo.



Já nos anos oitenta, a quando se passou a história que vos vou contar, ela ainda era uma senhora vistosa, sempre muito bem arranjada, cabelo artisticamente penteado, aquilo a que se chamava uma verdadeira senhora, que ainda fazia recair sobre si, os discretos olhares dos jovens septuagenários da sua idade.

Foi num desses passeios matinais pela avenida 5 de Outubro, na minha companhia, pois no seu estado de saúde já não era aconselhável andar sozinha pela rua, que um elegante cavalheiro, de idade igualmente avançada, disfarçando um passo pouco estável, nos abordou.

Tirando o chapéu num elegante cumprimento, dirigiu a palavra à minha tia, nestes termos:



- Bom dia minha senhora. Vossa excelência terá a bondade de me informar que horas são?



Olhando para o relógio minha tia retorquiu:
- São dez horas!

O cavalheiro empertigou-se, olhou para a minha tia com ar de profunda surpresa e acrescentou:

- O quê… dez horas da manhã e eu já estou bêbado?!




28 janeiro 2012

INTERNACIONALIZAÇÃO DO PASTEL DE BELÉM E DOS ARTEFACTOS DAS CALDAS

Informação
Este texto contém algumas imagens obscenas, que todos conhecem, mas que podem ferir a sensibilidade de alguns leitores hipócritas, e falsos moralistas.

Quando ouvi o Senhor Ministro Álvaro Santos Pereira falar da internacionalização do Pastel de Belém, por momentos pensei que ele se estivesse a referir ao Presidente Cavaco Silva.



O Pastel de Belém



Não nego que a exportação dos pastelinhos de nata de Belém, poderia ser uma boa ideia. Todavia com a crise que vai por aí, vejo alguns entraves a esta iniciativa:



- O açúcar? Será que o país tem crédito para, pelo menos nas primeiras encomendas, poder comprar açúcar?...



- A ampliação do aeroporto de Lisboa ou a construção de um novo aeroporto, para podermos em tempo útil receber os aviões fretados que de todo o mundo viriam a Lisboa só para comprar pasteis de Belém!?

Tudo isto acarretaria despesas acrescidas e o país ainda não tem infra-estruturas para tão grande desenvolvimento; a menos que os Chineses queiram entrar no negócio?! …

Todavia devemos acautelar a sempre possível “deslocalização” da fábrica dos pastéis, de Belém para a China e lá se ia o segredo desta receita centenária.

A única vantagem que vejo nisto é a possibilidade de virmos a ter pastéis de Belém mais baratos.

Não meus senhores! Não... na minha opinião não será ainda este, o caminho para nos tirar da crise.

Depois do sucesso do Galo de Barcelos e da Senhora de Fátima (com todo o respeito), principalmente aquelas luminosas que brilham à noite; resultado de uma extraordinariamente bem sucedida, campanha de marketing, como só o Estado Novo sabia fazer, e que deu origem aquela expressão tão popular, quando alguém nos perguntava - para que é isso, ou porque fazíamos isto ou aquilo e nós respondíamos:



- É p’ra Inglês ver!



É claro que na altura, nesta expressão “para inglês ver”, cabiam, americanos, alemães, ingleses e todas as agências de rating.



Já então éramos pobres, alguns de nós até passavam fome, não tanto, nem tantos como hoje; mas gozávamos à tripa forra.



Por tudo isto, proponho:



- A Internacionalização do Artefacto das Caldas.



Fotografia roubada na net



Passo a explicar:







  • Artefacto das Caldas é totalmente feito com matéria prima nacional. Barro - produto natural que o nosso país possui em abundância.




  • O Artefacto das Caldas não é poluente e é inteiramente fabricado à mão. Em Portugal ainda se faz muita coisa à mão, recorrendo muitas vezes a mão de obra alemã, francesa, inglesa, etc.


O fradinho das Caldas é bem o exemplo da
mais alta tecnologia de ponta da indústria Portuguesa.





Todos estamos ainda recordados da recente contaminação das saladas de pepino alemãs, com o bacilo e-coli.

O e-coli é um bacilo que pertence à família das
enterobacteriaceaes e que se desenvolve no intestino dos animais de sangue quente, nomeadamente nos seres humanos. Não sei onde raio, os Alemães metiam os pepinos antes de fazer as saladas; mas o que vos posso garantir é que o Artefacto das Caldas neste contexto, é perfeitamente inofensivo - Não dá para fazer saladas!



Exemplar encomendado por Ângela Merkel
Modelo idêntico ao que Portugal vai oferecer às Agências de Rating



Fácil de transportar, o Artefacto das Caldas, dispensa grandes infra-estruturas para a sua comercialização e expedição.

Não vou aqui subestimar a capacidade e inteligência de quem me estiver a ler; apenas vos digo que, Ingleses, Americanos, Alemães, Agências de Rating, etc. que estejam interessados no produto, podem leva-lo onde quiserem… na verdade é isso que temos feito ao longo de novecentos anos de história; que o digam aqueles que daqui saíram com o rabo a arder, desde os Romanos ás Invasões Francesas, isto para não falar de Aljubarrota, etc., etc., etc.



27 janeiro 2012

O VERDADEIRO PASTEL DE BELÉM

O Pastel de Belém

12 junho 2011

O PRAZER DAS COISAS SIMPLES – ou, A Mesa da Telefonia.

Talvez que hoje, nesta sociedade de consumo, isto já não faça sentido. Mas posso garantir-vos que a emoção, o prazer das coisas simples, modestas, era tão grande, como hoje quando nos endividamos para conseguir um bem e o recebemos em casa perante a estupefacção de toda a família.


Manuel, funcionário administrativo de uma importante empresa, estava muito satisfeito. Como tinha o Curso Comercial completo, conseguiu arranjar mais um emprego em horário pós-laboral – guarda-livros, como à época eram designados os contabilistas e com isso ganhar mais uns dinheiritos.


Pese embora este emprego lhe vir a cortar alguns fins-de-semana e o obrigar por vezes a seroar até à meia-noite, depois de já cansado, ter cumprido um dia de trabalho.


Manuel não se importava; o trabalhito extra era-lhe compensador e logo agora que finalmente tinha conseguido alugar uma boa casa no centro de Lisboa, ali para os lados da Igreja de Fátima, com cinco divisões, uma enorme cozinha, uma casa de banho completa, um lavabo social e ainda mais um quarto independente, que dava directo para a escada e não interferia com a privacidade da casa. Tudo isto por duzentos e cinquenta escudos.


O quarto independente era uma mais valia; em caso de necessidade poderia aluga-lo por cem, ou mesmo cento e vinte cinco escudos por mês, a um advogado que ali quisesse fazer escritório ou a um daqueles pracistas do Porto, que regularmente se deslocam a Lisboa para bater o mercado.


Manuel estava satisfeito. Por este andar poderia mais tarde, talvez, comprar um carrito em segunda mão para ir ao domingo, no verão, com a família à praia do Magoito.


O que ainda faltava lá em casa, era uma telefonia, para ouvir à noite na Emissora Nacional o Teatro das Comédias ou no Rádio Clube Português o programa do Comboio da Seis e Meia, apresentado por Igrejas Caeiro e pela Irene Velez ou ainda o Passatempo APA; isto já para não falar nas transmissões radiofónicas do campeonato Europeu de Hóquei em Patins, com os famosos Jesus Correia e Correia dos Santos, Edgar, Pompilio e tantos outros “heróis nacionais”.


Assim um belo dia Manuel lançou mão à obra. Nada sabia de carpintaria, mas, tinham-lhe oferecido uma bela caixa de madeira de pinho, com meia dúzia de garrafas de vinho do Porto.


Com o auxílio de uma publicação Americana, a Mecânica Popular, nessa altura ainda escrita em Inglês, um serrote cego e já sem trava, um martelo cuja cabeça balançava perigosamente no cabo e uma grosa, Manuel desmanchou a caixa do vinho do Porto, marcou a madeira e começou a cortar as tábuas para fazer uma mesa onde colocar a telefonia que pensava comprar.

Passaram alguns fins-de-semana e Manuel com bolhas nas mãos deu por findo o trabalho. Escureceu a madeira, lixou tudo muito bem, tendo o cuidado de adoçar os ângulos mais agressivos e por fim aplicou-lhe uma camada de verniz.

Em nada esta obra se distinguia das outras de fabrico profissional, que estavam à venda por bom preço nas lojas dos bairros da cidade, não fora o caso de, para quem espreitasse por baixo, poder ver ainda parte das letras gravadas a fogo onde se adivinhava o que restava das palavras cortadas – Porto Sandman.


Passaram alguns dias e uma noite, Manuel chegou a casa transportando uma pequena caixa de cartão atada com um cordel; a embalagem não deixava dúvida quanto ao conteúdo, pois ostentava no exterior a palavra Philips.


Nessa noite jantamos tarde, se é que jantamos, o jantar esfriou na mesa pois todas as atenções se voltaram para a caixa.


Depois de alguns preparativos e de Manuel ser obrigado com um fio a improvisar uma antena que colocou fora da janela, chegaram aos nossos ouvidos as palavras radiofónicas dos locutores – A Emissora Nacional tem o prazer de apresentar… pausa… Teatro das Comédias … A Paixão de Jane Eyre uma obra de Charlotte Bronte … etc. – Manuel continuou a rodar o botão da sintonia; de passagem ainda se ouviu um outro locutor dizendo: - Rádio Clube Português a trabalhar com os seus emissores de Parede – Portugal…


Na sala a família reunida em volta do aparelho já havia esquecido o jantar, e o momento mais alto da noite foi quando a voz de Artur Agostinho vinda daquela caixa hipnótica ecoou por todo o bairro, por toda a Lisboa… goooolo! … gooolo de Portugal … aos dez minutos da primeira parte numa magnifica jogada de Jesus Correia e Correia dos Santos Portugal ganha à Espanha por duas bolas a zero…




Eu vi crescer o Besnico di Roma


A vida sorrio a Manuel, mais tarde foi viver para a avenida de Roma, comprou um carro novo, viajou pelo estrangeiro e teve alguns negócios, mas nem quando comprámos a nossa primeira televisão a cores experimentámos uma emoção tão forte, como a do momento em que Manuel colocou o pequeno rádio em cima da mesa por ele feita com tábuas de um caixote de vinho do Porto.

Em memória de meu pai.
Fevereiro de 2011
Besnico di Roma

28 junho 2010

UM LUGAR PARA RECORDAR

SCORPIOS BAECH HOTEL
Monolithos - Santorini – GRÉCIA

Tenho já visitado alguns países do mundo, desde a Europa às Américas.
Já tenho estado alojado em excelentes hotéis, mas permitam que lhes diga que o Scorpios Beach Hotel em Monolithos, parece ter sido criado especialmente para mim.

Não se trata de um luxuoso hotel, onde os hóspedes se sentem na obrigação de pedir desculpa por cada passo que dão.

O SCORPIOS é um hotel simples, familiar, que os jovens proprietários herdaram de família, recuperaram e há doze anos se encontra em funcionamento. Este hotel tem tudo, o necessário e suficiente, para proporcionar aos visitantes uns dias tranquilos, com o romantismo e familiaridade que há muito se perdeu nos hotéis estereotipados do turismo massificado do mundo.

Acredito que o espírito, amor e dedicação, que o artista, pintor, escultor, escritor, dedica ao seu trabalho, fica indelevelmente ligado à obra e se transmite a quem com ela contactar. De igual modo o proprietário, o hoteleiro que ama a sua profissão, o fruto do seu trabalho, deixa impregnado no ambiente da sua casa, um bem-estar, que se transmite aos clientes e visitantes. Talvez seja essa a razão entre o sucesso e o insucesso de alguns empreendimentos. Nada floresce, nada se cria, sem dedicação e amor.

Talvez seja este espírito, demonstrado até nas coisas mais simples, que faz do Scorpios um lugar tão acolhedor.

Voltei a tomar contacto com a natureza rural, voltei a tomar contacto com as coisas simples da vida e pequenos objectos do dia a dia, cuja existência já me havia esquecido; tal como o simples, insignificante e primitivo ferrolho das portadas de madeira das janelas.

Ferrolho das portadas das janelas




Um pormenor da decoração

Um “gira-discos” e uma agulha de marear




Um antigo louceiro, com peças de cerâmica dignas de um museu.
Faz-me lembrar outro semelhante na casa dos nossos avós

Outra preciosidade, um recipiente para “brandy”,
com torneirinha para encher os copos.


Uma máquina de costura Singer, também ela faz parte da decoração


Finalmente, um pormenor dos moveis e decoração de uma acolhedora sala

Este objecto, não é electrónico. Não indica as horas das sete mais importantes capitais do mundo. Não tem luzes a acender e a apagar e não necessita de ser programado. É uma peça totalmente mecânica, que cumpre cabalmente as funções para que foi criada – Chamar o empregado e denomina-se, campainha.

Até os animais, há muito arredadas das nossas vidas - gatos, cães, e os engraçadíssimos burros, que aqui, por brincadeira, são apelidados de TAXI’s e fazem as delicias dos turistas de todas as idades, em curtas deslocações.

Aqui não temos qualquer dificuldade em apanhar TAXI, nas horas de ponta.



Tudo aqui é simples, não há barulho, e a música, suave, como apontamento de fundo, envolve o ambiente, não só nos hotéis, como até nas mais humildes “tascas”.

Músicas dos anos 50 e 60, que perduraram ao longo dos tempos, como atestado de qualidade. Usada no volume certo, nem muito alto, nem muito baixo, o quanto basta para proporcionar um ambiente agradável e tranquilizador.


MONOLITOS – Uma vista da praia, mesmo em frente ao empreendimento.



Em toda a ilha e particularmente no Scorpios, a afabilidade dos proprietários e dos empregados é indescritível, senti-me regressado a casa. Fez-me recordar os empregados e hoteleiros das estâncias de férias na minha juventude; termas e praias de lugares recônditos do meu Portugal pequenino, no final dos anos cinquenta, princípio dos anos sessenta. Tempo em que o turismo era menos sofisticado e muito mais acolhedor.

Mas não fiquem a pensar todavia, que Santorini é uma estância de turismo para velhos nostálgicos como eu.

Será que a fotografia não demonstra claramente que aqui também há espaço para estas explosões de juventude?! …

Concentração de jovens durante uma volta à ilha

…e pelo aspecto iam divertidos, não incomodaram ninguém, já que o ruído dos motores, era apenas um murmúrio.
Sim, as motas tinham os escapes convenientemente silenciosos.



O resto da Ilha de Santorini; uma surpresa em cada recanto. Um contraste de luz e sombra, onde predominam os tons de azul em fundo branco.

Monilithos - SCORPIOS BEACH HOTEL


SCORPIOS BEACH HOTEL

Em cada curva da estrada uma paisagem de mar, uma aldeia ou uma vila de arquitectura muito característica, que agrada à vista e conforta o coração.


Centenas de jovens de todas as idades, juntos em lugares estratégicos, com as suas câmaras de vídeo e máquinas de fotografar, aguardam pacientemente o espectáculo do fim do dia – O POR DO SOL.


Recomendo vivamente uma visita a Santorini e se me permitem a sugestão, fiquem alojados em Monólitos, no Scorpios Beach Hotel. Um lugar óptimo pelas suas características, para pintores, fotógrafos e escritores.


Agradeço na pessoa do senhor Argyris Vazeos e senhora Jenny Matsagou, proprietários do Scorpios, bem como a toda a família e empregados, os deliciosos momentos de férias que nos proporcionaram.

PORTUGAL, aos 27 de Junho de 2010
Fernando Guimarães Martins

28 dezembro 2008

“TINTO E DO MELHOR” ou Histórias do Tio Zé

Como já sabem, o “Tio Zé”, tio de minha mulher, era um homem muito especial, de fina graça, bom contador de histórias e médico da velha escola de Coimbra.

Numa ocasião, em Janeiro, pela altura dos Reis, o tio reuniu a família em sua casa para a ceia, onde aguardamos a chegada dos grupos que iriam Cantar os Reis ou as Janeiras, como é tradicional ainda hoje por estas aldeias de Trás-os-Montes.

Foi então que me lembrei que seria simpático oferecer ao Tio Zé qualquer coisa para a ceia; talvez um bom vinho.

Assim sendo e esquecendo-me que estava numa vila onde os Grandes Centros Comerciais não existem e as boas lojas de vinhos são apenas uma ou outra taberna que àquela hora tardia e com os caminhos cobertos de gelo ainda não tivesse fechado, meti-me a caminho à descoberta de uma pinga que não desmerecesse a solenidade da ocasião e estivesse à altura da condição social do nosso anfitrião bem como do seu paladar requintado.

Verdade seja dita é que eu não sou um entendido em vinhos. Para mim só há duas qualidades de vinho – aquele de que eu gosto e os outros de que eu não gosto, pese embora o facto de muitas vezes os “entendidos” dizerem que o vinho de que eu gosto não presta - e tinto. Seja lá o que for o prato, para mim é sempre tinto a acompanhar.

Depois de demorada procura, lá dei com uma tasca onde entre várias marcas de vinho corrente e barato, vislumbrei no alto de uma prateleira, cobertas pelo pó e cheias de teias de aranha umas garrafas que pelo aspecto gráfico do rótulo e pelo nome, uma “quinta de uma marquesa ou morgada qualquer”, de quem eu nunca tinha ouvido falar, me pareceu ser a escolha adequada.

Pelo preço, bastante mais caro do que os outros, mas ainda assim acessível, estava decidido. Foi então que vi o ano da colheita, 1966… não havia dúvida, antes da “bronca”, tinha que ser uma especialidade.

Comprei três ou quatro garrafas e orgulhoso da minha sábia escolha, lá fui andando para casa, com aquele néctar dos deuses.

A ceia decorreu normalmente e já no final, quando o Tio, para acompanhar os cafés, nos brindou com uma das suas águas ardentes velhas, eu, admirado por ninguém ter feito ainda referencia ao excelente vinho que tinha trazido, atrevi-me a perguntar ao Tio o que tinha achado do vinhito que eu trouxera.

Com um brilho no olhar e com o ar mais malandro que possam imaginar, o Tio respondeu apenas isto:

- Olha filho… dentro do género ordinário, é do melhor que tenho provado!

20 dezembro 2008

UMA PAISAGEM DE UMA BELEZA COMOVENTE


Com os meus mais sinceros agradecimentos à Gerência
e a todo o pessoal desta magnifica instituição.


Não, não é mais uma das minhas memórias passadas; mas sem dúvida será uma das memórias que irei preservar para o resto da minha vida.

Tal como no fado Malhoa, cujo poema nos diz que “faz rir a ideia de ouvir com os olhos…”, explicando depois que essa ideia “faz rir, mas não para quem viu o quadro a cores”, também aqui me seja permitido usar a expressão “uma paisagem, de uma beleza comovente”.

Não sou rico, mas se me perguntarem em que extracto social me julgo inserir, diria que julgo pertencer à classe média alta.

Julgo dever dar esta explicação prévia para que melhor se compreenda o significado da frase com que vou iniciar este meu texto.

Os “ricos” como eu passam férias alguns dias no ano no INATEL, os “pobrezinhos e endividados” passam férias em Cuba, no Dubai, no Brasil, etc.

Este ano, Dezembro de 2008, fui até Portugal, Piódão, uma aldeia encrostada nas faldas da Serra do Açor.

Consta que os primeiros habitantes se fixaram neste local, quando o senhor Vasco da Gama, andava nas caravelas à procura do caminho para as Índias. Mais um que tinha a mania de passar férias no estrangeiro; mas eu sei para onde vou e ele apenas tinha uma vaga ideia do sítio para onde gostava de ir.

Pois é, sou um privilegiado, tenho GPS e se não fora o caso de conhecer bem os caminhos do meu Portugal, com esta maravilha da técnica, ainda andaria à procura do Piódão algures lá pela Europa Central.

Mas nestes tempos modernos, com estas “teclogias”, há lá algum GPS que saiba onde fica o Piódão.

-
TECLOGIA - derivado da palavra tecla – aqueles botõezinhos dos computadores, onde nós carregamos para fazer aparecer as letras!... e que no tempo em que eu andava na escola e que se escrevia com caneta de aparo para molhar no tinteiro, um palavra escrita assim dava pelo menos, e por estarmos em vésperas de Natal, umas duas reguadas em cada mão. Pois é, mas sabia os rios, as serras e onde ficava o Piódão, melhor do que o GPS.

Voltando ao assunto que aqui me troce, estive estes dias, não a fazer o Presépio, mas a viver dentro de um... e se não acreditam vejam estas imagens tiradas do vídeo feito pelo Besnico di Roma.

Um presépio vivo





Museu do Piódão


"Ó lhó pessarinho"


Um brinde de Boas Festas, à saúde do Senhor Carlos,

comerciante de uma loja de artesanato e bebidas








O Besnico foi à pinga


Por atalhos e caminhos




Um recanto de Chãs d’Egua




E é com esta última imagem, digna de um postal de Natal que

do fundo do coração vos desejo um

SANTO NATAL e

UM NOVO ANO, COM SAÚDE, PAZ e AMOR





SÃO ESTES OS VOTOS DO VOSSO AMIGO

BESNICO DI ROMA

NATAL DE 2008

01 dezembro 2008

PARABENS CAMARADA

Não está no espírito deste meu “blog” comentários de natureza política, mas diz o povo que “ Quem não se sente, não é filho de boa gente”.


NOVENTA E NOVE POR CENTO ? ! … nem no tempo do Senhor Professor Doutor se conseguiam votações assim.

Nem o Senhor Almirante, que Deus haja, com os agentes da polícia política a votar em massa, repetidamente, em todas as assembleias de voto e ainda com a entusiástica e voluntária participação dos mortos de todos os cemitérios do pais, se conseguia uma votação tão expressiva.

Quanto ao facto da porta fechada, não tenho nada a dizer, estamos no Inverno e com o nevão que se faz sentir é perfeitamente natural que a porta esteja fechada. Só os mal intencionados é que não percebem isto.

Na saudosa Assembleia Nacional, recordo, que o partido da União Nacional conseguia magras maiorias, porque à época existiam uns “chatos” da Ala Liberal que prejudicavam os resultados das votações.

99% ?!... PARABENS CAMARADA – e eu que ingenuamente pensava que V. Ex.ª por ser um Camarada do “antigamente mais antigo” era um homem sério.

Igual a isso só tinha visto no “recentemente, mais recente” do CDS em Cascais e mesmo assim, como estávamos no Verão, a porta estava aberta.

Todavia deixo aqui o meu mais veemente repúdio ao camarada que durante a votação foi fazer xixi. Não fora isso, a votação teria sido 100%.

26 setembro 2008

ONTEM, HOJE e AMANHÃ

Meus amigos ainda não morri, mas falta pouco.

Tenho andado muito ocupado em não fazer nada e sem alento para escrever.

O que acontece é que ainda não consigo gerir o tempo e enquadrar-me nesta minha nova vida de reformado. Tenho muitos projectos mas não sei por onde começar. Por outro lado, no verão, que não é a minha época preferida, sou forçado a atender a muitas solicitações e programas que em meu entender se faziam melhor à sombra, ou em dias de nevoeiro.

Por esse motivo e apenas para marcar presença, decidi fazer aquilo que já estava feito; fotografias antigas.

Vejam lá se conhecem este gajo?!...

Beijinhos e abraços até breve.



IDENTIFIQUEM O GAJO e DESCUBRAM AS DIFERENÇAS



ONTEM











Cavalheiro educado de boa posição, procura Senhora para futuro compromisso.
Assunto sério, resposta a este “blog”




Noites e noites de aturado estudo, para vir a ser alguém na vida.






O Pirata das Caraíbas




Em memória deste meu querido amigo, falecido prematuramente,
a quem dei o baptismo de voo



HOJE








AMANHÃ

Cavalheiro educado, de boa posição procura senhora, não se lembra já para quê.
Assunto sério resposta a este "blog"