28 dezembro 2008

“TINTO E DO MELHOR” ou Histórias do Tio Zé

Como já sabem, o “Tio Zé”, tio de minha mulher, era um homem muito especial, de fina graça, bom contador de histórias e médico da velha escola de Coimbra.

Numa ocasião, em Janeiro, pela altura dos Reis, o tio reuniu a família em sua casa para a ceia, onde aguardamos a chegada dos grupos que iriam Cantar os Reis ou as Janeiras, como é tradicional ainda hoje por estas aldeias de Trás-os-Montes.

Foi então que me lembrei que seria simpático oferecer ao Tio Zé qualquer coisa para a ceia; talvez um bom vinho.

Assim sendo e esquecendo-me que estava numa vila onde os Grandes Centros Comerciais não existem e as boas lojas de vinhos são apenas uma ou outra taberna que àquela hora tardia e com os caminhos cobertos de gelo ainda não tivesse fechado, meti-me a caminho à descoberta de uma pinga que não desmerecesse a solenidade da ocasião e estivesse à altura da condição social do nosso anfitrião bem como do seu paladar requintado.

Verdade seja dita é que eu não sou um entendido em vinhos. Para mim só há duas qualidades de vinho – aquele de que eu gosto e os outros de que eu não gosto, pese embora o facto de muitas vezes os “entendidos” dizerem que o vinho de que eu gosto não presta - e tinto. Seja lá o que for o prato, para mim é sempre tinto a acompanhar.

Depois de demorada procura, lá dei com uma tasca onde entre várias marcas de vinho corrente e barato, vislumbrei no alto de uma prateleira, cobertas pelo pó e cheias de teias de aranha umas garrafas que pelo aspecto gráfico do rótulo e pelo nome, uma “quinta de uma marquesa ou morgada qualquer”, de quem eu nunca tinha ouvido falar, me pareceu ser a escolha adequada.

Pelo preço, bastante mais caro do que os outros, mas ainda assim acessível, estava decidido. Foi então que vi o ano da colheita, 1966… não havia dúvida, antes da “bronca”, tinha que ser uma especialidade.

Comprei três ou quatro garrafas e orgulhoso da minha sábia escolha, lá fui andando para casa, com aquele néctar dos deuses.

A ceia decorreu normalmente e já no final, quando o Tio, para acompanhar os cafés, nos brindou com uma das suas águas ardentes velhas, eu, admirado por ninguém ter feito ainda referencia ao excelente vinho que tinha trazido, atrevi-me a perguntar ao Tio o que tinha achado do vinhito que eu trouxera.

Com um brilho no olhar e com o ar mais malandro que possam imaginar, o Tio respondeu apenas isto:

- Olha filho… dentro do género ordinário, é do melhor que tenho provado!

20 dezembro 2008

UMA PAISAGEM DE UMA BELEZA COMOVENTE


Com os meus mais sinceros agradecimentos à Gerência
e a todo o pessoal desta magnifica instituição.


Não, não é mais uma das minhas memórias passadas; mas sem dúvida será uma das memórias que irei preservar para o resto da minha vida.

Tal como no fado Malhoa, cujo poema nos diz que “faz rir a ideia de ouvir com os olhos…”, explicando depois que essa ideia “faz rir, mas não para quem viu o quadro a cores”, também aqui me seja permitido usar a expressão “uma paisagem, de uma beleza comovente”.

Não sou rico, mas se me perguntarem em que extracto social me julgo inserir, diria que julgo pertencer à classe média alta.

Julgo dever dar esta explicação prévia para que melhor se compreenda o significado da frase com que vou iniciar este meu texto.

Os “ricos” como eu passam férias alguns dias no ano no INATEL, os “pobrezinhos e endividados” passam férias em Cuba, no Dubai, no Brasil, etc.

Este ano, Dezembro de 2008, fui até Portugal, Piódão, uma aldeia encrostada nas faldas da Serra do Açor.

Consta que os primeiros habitantes se fixaram neste local, quando o senhor Vasco da Gama, andava nas caravelas à procura do caminho para as Índias. Mais um que tinha a mania de passar férias no estrangeiro; mas eu sei para onde vou e ele apenas tinha uma vaga ideia do sítio para onde gostava de ir.

Pois é, sou um privilegiado, tenho GPS e se não fora o caso de conhecer bem os caminhos do meu Portugal, com esta maravilha da técnica, ainda andaria à procura do Piódão algures lá pela Europa Central.

Mas nestes tempos modernos, com estas “teclogias”, há lá algum GPS que saiba onde fica o Piódão.

-
TECLOGIA - derivado da palavra tecla – aqueles botõezinhos dos computadores, onde nós carregamos para fazer aparecer as letras!... e que no tempo em que eu andava na escola e que se escrevia com caneta de aparo para molhar no tinteiro, um palavra escrita assim dava pelo menos, e por estarmos em vésperas de Natal, umas duas reguadas em cada mão. Pois é, mas sabia os rios, as serras e onde ficava o Piódão, melhor do que o GPS.

Voltando ao assunto que aqui me troce, estive estes dias, não a fazer o Presépio, mas a viver dentro de um... e se não acreditam vejam estas imagens tiradas do vídeo feito pelo Besnico di Roma.

Um presépio vivo





Museu do Piódão


"Ó lhó pessarinho"


Um brinde de Boas Festas, à saúde do Senhor Carlos,

comerciante de uma loja de artesanato e bebidas








O Besnico foi à pinga


Por atalhos e caminhos




Um recanto de Chãs d’Egua




E é com esta última imagem, digna de um postal de Natal que

do fundo do coração vos desejo um

SANTO NATAL e

UM NOVO ANO, COM SAÚDE, PAZ e AMOR





SÃO ESTES OS VOTOS DO VOSSO AMIGO

BESNICO DI ROMA

NATAL DE 2008

01 dezembro 2008

PARABENS CAMARADA

Não está no espírito deste meu “blog” comentários de natureza política, mas diz o povo que “ Quem não se sente, não é filho de boa gente”.


NOVENTA E NOVE POR CENTO ? ! … nem no tempo do Senhor Professor Doutor se conseguiam votações assim.

Nem o Senhor Almirante, que Deus haja, com os agentes da polícia política a votar em massa, repetidamente, em todas as assembleias de voto e ainda com a entusiástica e voluntária participação dos mortos de todos os cemitérios do pais, se conseguia uma votação tão expressiva.

Quanto ao facto da porta fechada, não tenho nada a dizer, estamos no Inverno e com o nevão que se faz sentir é perfeitamente natural que a porta esteja fechada. Só os mal intencionados é que não percebem isto.

Na saudosa Assembleia Nacional, recordo, que o partido da União Nacional conseguia magras maiorias, porque à época existiam uns “chatos” da Ala Liberal que prejudicavam os resultados das votações.

99% ?!... PARABENS CAMARADA – e eu que ingenuamente pensava que V. Ex.ª por ser um Camarada do “antigamente mais antigo” era um homem sério.

Igual a isso só tinha visto no “recentemente, mais recente” do CDS em Cascais e mesmo assim, como estávamos no Verão, a porta estava aberta.

Todavia deixo aqui o meu mais veemente repúdio ao camarada que durante a votação foi fazer xixi. Não fora isso, a votação teria sido 100%.