22 maio 2007

“LA BOHEME” - VOU FALAR-VOS DE UM TEMPO…

Inspirado no maravilhoso poema que Charles Aznavour imortalizou, vou tentar escrever algo sobre este tema.
Não esperem muito, pois o engenho é pouco e a alma pequena.
Não vou traduzir a letra; palavras há que se não traduzem… sentem-se, apenas.
A letra a azul, corresponde ao poema original, a letra preta o sentimento e as recordações, que o poema me inspira.
Como cenário, as minhas cidades dos anos sessenta; Paris e Lisboa.
Que tenham tanto prazer ao ler-me, como eu tive prazer em escrever e se a emoção vos assaltar… escutem de novo “Lá Boheme” na voz de Aznavour, se puderem metam-se num avião, vão até Paris e em Montmartre, diante um café-creme, absorvam até ao âmago o espírito da praça de Tertre, por onde passaram tantos boémios, loucos e jovens artistas e se viveram arrebatadas paixões.



Eu, no "meu bistrot", diante de um café-creme
"Au Cadet de Gasconhe" - Praça de Tertre - Montmartre

* * * * *

Jevous parle d’un tempes
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaítre
Montmartre en ce temps-lá
Accrochait ses lilás
Jusque sous nos fenêtres
Et si l´humble garni
Quinos servat de nid
Ne payait pás de mine
C´est là qu’on s’est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue
… … … … … …

 
Vou falar-lhes dum tempo que quem tiver hoje, menos de cinquenta anos, não pode entender.
Paris (Lisboa) eram cidades floridas, das janelas das quais pendiam cachos de flores – cravos, lilases, sardinheiras. Na Primavera em bandos as andorinhas faziam ninhos nos beirais dos telhados.
Em Paris, La Place du Tertre em Montmartre, era o bairro dos “boémios” e dos artistas plásticos, como ainda hoje é.


Paris - Place du Tertre - Montmartre



Place du Tertre - "janelas floridas com Lilazes"

Não me lamentava das misérias, eu tinha outro estatuto social, mas nem os meus pais, nem eu, "nadávamos" em dinheiro, apenas vivíamos um pouco melhor.

A vida na altura era difícil para todos. A vida na altura tinha o sabor gratificante das coisas conseguidas com esforço e preserverança, e não a insipidez da vulgaridade e da abundância oferecida, como as mulheres da rua.

Até as prostitutas, guardavam um certo recato e decência, no seu oferecimento discreto; resquícios de dignidade, na indignidade e miséria das suas vidas.

Até as prostitutas na sua arte eram difíceis… o que mantinha a ilusão.




Pintor em Montmartre - 2006
Fotografia de Mauro A. Fuentes (Internet)


Ao contrário da canção, não a conheci num quarto alugado, tão pouco eu sabia desenhar e ela não pousava nua. Mas tivemos os nossos momentos felizes, em Lisboa.

Conheci-a nas vésperas de um Rally automóvel, onde por acaso, nem eu nem ela participávamos. Éramos naquele dia meros espectadores.

Vi-a e desde logo percebi que estava ali a mulher da minha vida. Estava triste, acompanhava um corredor que por infelicidade era meu amigo.

As coisas entre eles não andavam bem, mas não interferi, mantive-me afastado de ambos porque percebi que não lhe era indiferente. Tínhamos então vinte e poucos anos de idade.

Nos meus ouvidos ressoava a música de Roberto Carlos “A Namoradinha de Um Amigo Meu” e só me lembrava de que “… o que é dos outros não se deve ter…”

Não sei como aconteceu, mas alguns dias depois numa das suas escapadelas a Lisboa, encontramo-nos para lanchar na pastelaria Versalhes.


Pastelaria "Versailles" - Lisboa
Fotografia roubada na "net"
 
Se há coisa que mexa comigo, é uma mulher discretamente vestida, mas com elegância.

Acho que uma mulher tem de se saber vestir e até no despir tem que ter “charme”.

Naquele dia ela soube apanhar-me, não fui eu que a conquistei, foi ela que me apanhou; pela elegância de "provinciana sofisticada", pelo seu primoroso cabelo penteado por, obviamente, um cabeleireiro caro.

O seu cabelo castanho claro, aquele penteado que à época se designava de “enrolado atrás em banana”, mexeu comigo.

Os seus olhos esverdeados, tristes, sobressaíam da sua pele sedosa e morena. Ainda hoje sou capaz de descrever ao pormenor os seus modos, seu vestido e os seus sapatos pretos, abotinados, de meio salto; bem ao contrário dos sapatos rasos de condutora e dos blue-jeans gastos, que exibia quando corria em provas ou aparecia no “Bambi” em São Pedro de Moel para tomar o café. Mas mesmo em “jines”, toda ela era sedução.

Quando sorria, quando ria, a sua expressão luminosa, era de enlouquecer um homem.

O decote, discreto, deixava adivinhar uns seios brancos, carnudos e firmes.

Percebi naquele momento, que estava ali a minha desgraça. Estava ali a voz melodiosa, que proferia palavras comedidas, cantadas. As palavras que um homem gosta de ouvir.

Estava ali a mulher da minha vida, que desde o início eu pressentia que iria perder.

Como um rato em frente de uma serpente, o encanto era tanto que não lhe conseguia fugir.

Na avenida de Roma, não num quarto alugado como diz a canção, eu não retocava desenhos, nem ela pousava nua. Mas um dia, talvez ao som de Aznavour, modorrando num sofá, as minhas mãos deslizaram para aquele decote misterioso. Ela não ofereceu resistência, e terá começado aí, talvez, a mais breve, e mais bela história de amor, a que alguém, algum dia, terá sido dado viver.

Avenida de Roma - Lisboa
Mais uma fotografia roubada na "net"



Lá bohéme, la bohéme
Ça voulait dire on est heureux
La bohéme, la bohéme
Nous ne mangions qu’um jour sur deux


A boémia, a boémia, e isso queria dizer que éramos felizes.

Tal como na canção também nós nos alimentávamos da aventura, do amor. Das corridas entre S. Pedro de Moel e Lisboa…

Dans les cafés voisions
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséroux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d’y croire
Et quand quelque bistro
Contre um bom repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitons dês vers
Grupés autour du poêle
En oublient l’hiver

Lá bohéme, la bohéme
Ça voulait dire tu es jolie
Lá bohéme, la bohéme
Et nous avions tous du genie


Em Paris, Montmartre, tal como em Lisboa, também os artistas e os boémios, tinham as suas áreas, os seus locais de vida.
 

Paris - Montmartre - O HOMEM DO REALEJO
Fotografia roubada a um dos videos feitos pelo Besnico di Roma
Alguma vêz teria que roubar alguma coisa a mim mesmo

 
Cine-Teatro MONUMENTAL
Praça Duque de Saldanha - Lisboa (anos 60)
Em Lisboa as gentes do teatro, frequentavam a zona da praça Duque de Saldanha e as imediações do Cine-Teatro Monumental, bem como a avenida da Liberdade nas imediações do Parque Mayer. O nosso modesto “Hollywood”.

Parque Mayer - Lisboa

Mas os nossos artistas plásticos, pintores, ceramistas, etc. concentravam-se principalmente na zona situada entre o Liceu Camões e o largo de D.ª Estefânia, pela proximidade da escola de artes decorativas “António Arroio”, na avenida Almirante Barroso.

Tal como diz a canção… “pouco mais que miseráveis esperavam pela glória e não deixavam de acreditar”

Com o estômago oco (vazio)
Não deixávamos de acreditar na glória
E quando em alguma tasca
Em troca de comida quente
Que pagávamos com uma tela
Nós recitávamos versos
Juntos de um aquecedor
Esquecendo o inverno

A boémia, a boémia
Isso queria dizer tu eras linda
A boémia, a boémia
E nós tínhamos ideais


Recordo Lisboa e os seus artistas. Recordo a pastelaria “Tarantela”, no largo D.ª Estefânia, onde nos juntávamos e o café “Vitória” mesmo na esquina.

Por falar em barriga vazia, recordo a “Tasca do Careca” onde se serviam uns pratos de suculentas “Iscas com elas” e onde igualmente, quando o dinheiro era pouco, se podia enganar a fome com um prato de molho de iscas, um pão e uma “Lambretta”. O “banquete” não custava mais do que doze tostões, um pouco mais barato do que dois bilhetes de eléctrico, Lumiar – Rossio, que na altura andavam por sete tostões cada.

Para os mais novos, direi que, a “Lambretta”, não era mais do que um copo de cerveja, mas com a particularidade de ser o aproveitamento da espuma que escorria das verdadeiras canecas de cerveja acabadas de tirar, a que o taberneiro dava um pouquinho de pressão á torneira.

Como diz meu primo Fernando Alves - boémio, filho de Lisboa e que estudou na António Arroio:

- Lugares esses, onde as mulheres fumavam e tratavam os homens por tu…

Sonhávamos e escutavamos o som roufenho de uma máquina de discos de vinil, onde colocavamos uma moeda para, entre outras, ouvir canções de Aznavour…
 

Máquina de discos - anos 60 (fotografia da "net")

Souvent il m’arrivait
Devant mon chevalet
De passer dês nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d’um sein
Du galbe d’une hanche
Et ce n’est qu’au matin
Qu’on s’assayait enfin
Devant un café-créme
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l’on sáime
Et qu’on aime l avie

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de láir du tempes


E nós, ela e eu, observávamos de fora como meros espectadores, estas vidas curiosas.

Nós não. Nós frequentávamos a “Versailles” na avenida da Republica, a “Mexicana” na praça de Londres, a “Suprema” na avenida de Roma, o “Bambi” em São Pedro de Moel, o “Forte Velho”, o Casino do Estoril e o “Muchaxo” no Guincho…

Não, não passei noites em branco a retocar desenhos, mas passei noites em branco, rapando a estrada entre Lisboa e São Pedro de Moel, em velocidades vertiginosas, para a visitar em segredo.

Ela correspondia, nas histórias e pretextos que inventava para justificar aos Pais; aqueles maravilhosos e ternos senhores, as suas escapadelas para vir a Lisboa.

E tal como diz a canção, quando pela manhã, me sentava para tomar um café-creme, estava exausto mas feliz, era preciso que nos amassemos muito… e amassemos a vida.

A boémia, a boémia
E isso quer dizer que tínhamos vinte anos
A boémia, a boémia
E nós vivíamos do ar e do tempo

Hoje, tal como na canção também me aconteceu a mim…

Quando au hasard dês jours
Je mén vais faire un tour
A mon anciene adresse
Je ne reconais plus
Ni les murs, ni le rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d’un escalier
Je cherche látlier
Don’t plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont mortes

La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne vout plus rien dire du tout


Hoje quando por acaso visito Lisboa, também eu já não reconheço, nem as casas, nem as ruas e Lisboa na sua nova fisionomia parece-me triste.

Já não vejo o Munumental, o parque Mayer, o Cais das Colunas e tantos outros sítios da minha juventude… As andorinhas partiram e as Sardinheiras morreram…

A boémia, a boémia
Éramos jovens, éramos loucos
A boémia, a boémia
E isso já não quer dizer mais nada

Também para mim, isto, já não quer dizer mais nada….

Nota: Se quiserem saber ou recordar como eram as "minhas noites", voltem a ler o conto que escrevi em 16 de Outubro de 2006, a que chamei “RAPAZES, AUTOMÓVEIS, MIÚDAS E PASTEIS DE NATA” – está neste blog, procurem.
 

21 maio 2007

TRONCAS – É DO 01 DA BATALHA?...

Correspondendo aos desafios lançados pelas “malvadas” das nossas amigas "PAPOILA" e "MARIA CARVALHOSA" dedico esta história a todos os jovens que nasceram depois de 1970, e também aos outros jovens mais antigos, que tal como eu, viveram estas andanças.

Naquele tempo “A TERRA AINDA NÃO ERA REDONDA” pelo menos não parecia.

Habituados aos telemóveis e à Internet, onde ao alcance de um “klic”, hoje, podemos ver, ouvir e falar em tempo real, com outras pessoas colocadas no outro lado do Mundo ou até mesmo no espaço; não será fácil para os jovens de agora, imaginar a dificuldade de efectuar actos tão simples, como telefonar, mesmo que fosse apenas de Lisboa para Leiria ou de Chaves para o Porto, pelo menos até ao início da década de sessenta.

Ao relembrar estes tempos, nem melhores, nem piores, apenas diferentes; espero proporcionar-lhes um momento hilariante, com factos que podem confirmar junto dos vossos pais e avós, e que podem servir como divertido tema de conversa, quando momentaneamente estiverem sem acesso à Internet.






Central Telefónica (Troncas)
Fotografia roubada na net





TRONCAS – É DO 01 DA BATALHA?...

DEZ HORAS DA MANHÃ

Troncas, troncas… para onde deseja falar?... perguntava a telefonista, sentada ao PBX de onde pendiam inúmeras cavilhas destinadas a fazer as ligações entre as diferentes linhas telefónicas.

Pormenor de um aparelho de PBX
Outra fotografia, "gentilmente" roubada na net


Do outro lado do fio alguém respondia:

– Olhe minha senhora, eu queria falar para o 01 da Batalha, por favor.

Telefonista - De que número fala?

- Daqui fala de Lisboa é o número 4024.

- Um momento vou fazer a ligação. Desligue que eu já chamo.

E com isto já tinham passado os primeiros cinco minutos.
Algum tempo depois, cerca de quinze ou vinte minutos, lá tocava o telefone.

- Está lá… é do 4024 de Lisboa?... foi o senhor que pediu o 01 da Batalha?... pode falar está em comunicação.

Ao fim da primeira meia hora, no mínimo, lá começava a conversa com o destinatário.

01 da Batalha - Telefone do café do Senhor Florindo


- Está é do café Primavera?...
- É sim. Quem fala?...
- Fala Mariana Azevedo. O Senhor Florindo está?... depressa, estou a falar de Lisboa…
- Sou eu próprio. D.ª Mariana como está?… e o menino?…

Nesta altura acabavam-se as presas; eram pessoas conhecidas e havia que tagarelar os repetidos cumprimentos e saber do estado de saúde de todos. Por fim entrava novamente a telefonista na linha, para informar o tempo da comunicação que era paga em períodos de 3 minutos.

Telefonista - Vossa excelência está em comunicação?... Três minutos - deseja continuar?...

- Desejo sim, minha senhora.

- Olhe senhor Florindo, eu queria falar com a Maria do Rosário, na casa do José Pedro… se o senhor fizesse o favor?...

- Pois não D.ª Mariana, com todo o gosto, mas agora não tenho cá o rapaz, que foi almoçar. Logo que ele chegue mando-o lá avisar. Pode telefonar ás quatro?... (da tarde)

- Muito obrigado senhor Florindo, é muito simpático da sua parte, eu telefono ás quatro.

Com isto tudo já passava do meio dia.

“Moderníssimo” telefone de casa da D.ª Mariana em Lisboa
Contemporâneo do outro, mas era um telefone de Lisboa…




DUAS HORAS DA TARDE

Maria do Rosário tinha que regar a horta; um pouco mais logo, pela fresca.

Com este calor as couves estavam murchas e logo este contratempo; os arames que prendiam o balde de madeira ao braço da picota, tinham-se partido.
Felizmente tinha conseguido tirar o balde do fundo do poço.

Picota, engenho para tirar água dos poços



Ai o meu Zé é que devia tratar disto, pensava Maria do Rosário, mas ele chegava a casa tão cansado que ela nem lhe falava nestas coisas. Talvez no Domingo?!...

Subitamente um rapazito de bicicleta, ofegante por ter pedalado estrada acima os dois ou três quilómetros que separavam o café do Florindo da casa da Rosário, irrompia quintal a dentro:

- Ó senhora Rosário (gritava) tem um telefonema para si lá no café do meu patrão. Olhe que é de Lisboa. Voltam a falar ás quatro da tarde!

Tão rápido quanto despejava o recado, lá abalava estrada fora a toda a velocidade, pois que agora o caminho era a descer.

Ai um telefonema de Lisboa!?... será que aconteceu alguma coisa à minha irmã?... pensava a pobre mulher com o coração aos saltos no peito.

Já devem ser três horas… pareceu-me já ter ouvido o sino da capelinha dar as badaladas?... das duas já passa, que eu bem ouvi o apito da fábrica… o melhor é ir andando.

Maria do Rosário, lavou os pés na água fresca do tanque e calçou as chinelas, tirou o avental e com um xale pela cabeça para se proteger, abalou estrada fora debaixo do sol impiedoso das três da tarde.

Uma chamada de Lisboa… a minha irmã… talvez que seja ela para me dizer que vem passar a Páscoa… é isso… deve querer dizer que chega amanhã na carreira dos Claras, pelas seis da tarde. Deve ser isso!?

A carreira de autocarros dos Claras, ao tempo saia de Lisboa, penso que da avenida Almirante Reis e ia até Leiria.

Um percurso que hoje se faz em cerca de duas horas, naquele tempo era um dia quase todo.

Moderníssimo” autocarro de carreira finais dos anos cinquenta



As carreira dos "Claras" e dos "Capristanos", paravam em todos os lados. Lisboa, Malveira, Torres Vedras, Bombarral, Caldas da Rainha, S. Martinho do Porto, Nazaré, Alcobaça, finalmente na casa de Maria do Rosário, Batalha e Leiria. Mais tarde, quando oportuno, falar-vos-ei disto.

QUATRO DA TARDE

Novamente toca o telefone:

- Está é do 4024 de Lisboa?... Foi o senhor que pediu o 01 da Batalha?... fale que está a responder….

Pois é queridos meninos, depois disto ainda reclamam que a “net” hoje está muito lenta?... (três minutos desejam continuar?...)

Para nós isto era o progresso. Falar de Lisboa para Leiria em apenas uma ou duas horas… uma maravilha. Não tínhamos nada mais rápido. Isto, claro está se alguns de nós tivessemos telefone, coisa que a maior parte das pessoas não tinham.

NOTA DO AUTOR:

Na impossibilidade de agradecer aos donos – INFORMO
Todas, mas todas, as fotografias apresentadas neste texto, foram gentilmente roubadas na “NET”, mas roubadas com elegância. O chamado “crime de colarinho branco”.

“MEME” ACEITO O DESAFIO

Fui desafiado por duas meninas, a “Papoila” e a menina “Maria Carvalhosa”, para dar continuidade à corrente “MEME”.

Como podem calcular, fiquei satisfeitíssimo e muito lisonjeado pela lembrança; tão enternecido, que ainda não consegui imaginar uma coisa suficientemente maldosa para me vingar de “ambas as duas”.

Mas como não sou homem para levar desaforo para casa – ACEITO O DESSAFIO.

Em conformidade – NOMEIO AS MINHAS VITIMAS

1. Redonda . . . . . . . . . “Dona-Redonda”
2. Gui . . . . . . . . . . . . . “Sintra – A GLOURIOS EDEN”
3. AnaG. . . . . . . . . . . .l“Andando e Pensando”
4. Paulo Santos . . . . . . “No Interior do Norte”
5. Vero . . . . . . . . . . . .“Momentos de Evasão”
6. Ana Isabel . . . . .. . . .“Estados de Alma”

Desta vez são estes os nomeados, entre tantos, muitos e muitos, com a qualidade de verdadeiros poetas, escritores e fotógrafos - mas só podia nomear seis.

Para todos um forte abraço.

15 maio 2007

LA RENTRÉE

Já cheguei de férias e por isso tenho necessidade de descansar.
Antes de lhes mostrar as fotografias quero responder ao comentário feito neste “blog” por REDONDA , autora do blog “Dona-Redonda”

Nem eu sei a razão pela qual esta palavra, REDONDA, me fez recordar o saudoso actor declamador João Villaret.
Não resisto pois, a transcrever aqui, dois poemas que ele imortalizou nas noites distantes, em que na RTP “Chovia Prata”

O primeiro poema, de Rui Ribeiro Couto, dedico-o à nossa amiga “Dona-Redonda” vá lá eu saber porquê ?!...


MENINA GORDA

Esta menina gorda, gorda, gorda,
Tem um pequenino coração sentimental.
Seu rosto é redondo, redondo, redondo;
Toda ela é redonda, redonda, redonda,
E os olhinhos estão lá no fundo a brilhar.

É menina e moça. Terá quinze anos?
Umas velhas amigas de sua mamãe
Dizem sempre que a encontram, num êxtase longo:
“Como esta menina está gorda, bonita!”
E ela ri de prazer. Seu rosto redondo
Esconde os olhinhos no fundo a brilhar.

Rui Ribeiro do Couto

Recordo ainda de Fausto Guedes Teixeira este outro poema, que João Villaret tão bem dizia.

AMAR OU ODIAR

Amar ou odiar
Ou tudo ou nada
O meio termo é que não pode ser
A alma tem de estar sobressaltada
Para o nosso barro sentir; viver
Não é uma Cruz que não se queira pesada
Metade de um prazer, não é um prazer!
E quem quiser a vida sossegada
Fuja da vida e deixe-se morrer!
Vive-se tanto mais quanto se sente
Todo o valor está no que sofremos
Amemos muito como odiamos já!
A verdade está sempre nos extremos
Pois é no sentimento que ela está.

Fausto Guedes Teixeira


… … e “prontes” por hoje ficam a saber que ainda estou vivo e não tenho mais nada para vos dizer.
Agora deixem-me ficar quieto. Estou a tentar escrever um conto baseado numa canção que Charles Aznavour interpretava; “La Boemme” . Mas como sou um rapazito com muita capacidade de trabalho, o texto tanto pode estar concluído daqui a cinco minutos, como daqui a cinco anos… por isso não fiquem à espera.